Terezinha W Kaneko


Terezinha Wakavaiachi Kaneko por Regina Azevedo
Março/2008

Terezinha Yuriko Wakavaiachi (mais tarde Kaneko) nasceu em 23 de janeiro de 1958.

Durante todo o ginásio e colegial, tive o privilégio de ter a Teka – numa abreviação de Terezinha Kaneko -, como uma de minhas melhores amigas. E assim a considero até hoje, guardadas as dificuldades impostas pelas distâncias e inúmeras atividades que a vida nos impôs. Este foi o motivo pelo qual me propus a inaugurar esta galeria com sua pequena bio. Espero ter a oportunidade de escrever sobre muitas outras pessoas queridas.

São tantas histórias a nos unir que bem dariam um livro – e vocês sabem que livro é comigo mesmo… Tentarei ser breve para não dar muito trabalho ao nosso super-editor Mako. Procurarei também ser didática, respeitando a vocação de jornalista e editora de livros; depois de tantos anos nessa lida, devo ser capaz de contar uma história de maneira estruturada, com começo, meio e fim em menos de 1528 laudas…

A família

Tive o privilégio de conhecer e desfrutar da companhia de sua adorável família, a bela Dona Amélia, sua mãe, as irmãs Wilma e Marina e o caçula Jorge, todos amorosos e educados.

De Dona Amélia guardo a lembrança da amabilidade, especialmente nos meses de janeiro quando, mais de uma vez, a visitei a pretexto de colher romãs em seu quintal para que minha mãe pudesse fazer a simpatia do Dia de Reis.
São várias as lembranças de Wilma, especialmente nossos encontros ligeiros na agência do Banco do Brasil da Conselheiro Moreira de Barros e, às vezes, nos supermercados de Santa Terezinha. Uma, em especial, sempre me comove: certa história por ela contada de seu primeiro encontro “oficial” com Roberto Kuratomi, no baile de calouros do moçoilo, quando à saída lhe foi oferecida uma rosa e ela aceitou inadvertidamente, sem perceber que o namorado teria de desembolsar uma quantia por seu gesto impensado… O namoro tornou-se firme, mais tarde casaram-se (acho que foi o primeiro casamento inter-turma) e nós, amigas adolescentes sonhadoras e sem namorados, à revelia do par, especulávamos se um dia Teka faria par romântico com o caçula Kuratomi, o Sérgio, que estudava conosco no mesmo ano.

Lembro que, no colegial, adotamos o casal como nossos “pai e mãe”, porque ambos eram maduros, cuidadosos e, principalmente, inteligentes, os primeiros da classe… Com eles nos aconselhávamos sobre problemas existenciais e de matemática;  e também nos rebelávamos, dando certo trabalho à dupla de pacientes amigos.

Com a irmã mais nova – Terezinha era a do meio –, tive também passagens interessantes. Primeiro, Marina se prestava à condição de pombo-correio (ah, que falta nos fez a internet em tempos de dolorosa separação de turmas e períodos!); durante todo terceiro colegial, tendo Teka e outros amigos queridos migrado para o noturno, escrevíamos bilhetes – às vezes imensos, verdadeiras cartas – que eram ansiosamente esperados de segunda a quinta no horário do recreio. Muito mais eficiente que Sedex, Marina também era portadora de mimos e guloseimas, especialmente nas datas festivas.

Mais tarde, tornou-se minha co-pilota,  ocupando diariamente o banco da frente do meu fusca azul, o assim chamado Leonardo, nas nossas andanças até a USP, eu na ECA e ela na História. Nesse período, ela foi professora particular de meu irmão, pois eu não tinha saco de ensinar matemática para o meu caçula manhoso, o que ela fazia com toda paciência. O hoje “Dr.” Fernandinho (Delegado Corregedor da Polícia Civil), do alto de seu metro e oitenta e poucos e ao longo de seus 130kg ainda guarda muito carinho por sua querida prô Marina.

Por fim, havia Jorginho, o mais caçula de todos, meu fã ardoroso, de quem só não fui madrinha de formatura porque festa não houve. Até hoje me sinto honorária do posto e fico feliz com esta lembrança. Jorginho casou-se com uma moça loira e gerou a primeira mesticinha ruiva de que tive notícia, simplesmente linda.

A parte de que mais gosto da história “familiar” foi quando Teka, logo após a formatura, realmente criou coragem para se casar com um forasteiro (Takeshi morava em Brasília) e eu tive de substituir o noivo na distribuição dos convites (isso mesmo: o tempo urgia e nada do caboclo vir pra Sampa fazer o social…).

Lembro que a noiva passou em casa e meu pai fez uma brincadeira dizendo que moça tão delicada não deveria jamais ser Kaneko, quem sabe um xicarazinha… Sei que visitamos vários amigos e tomamos muuuitos cafezinhos, mas não saberia dizer ao certo aonde fomos nem se eu ou ela estávamos ao volante, mas acho que era eu. Ainda bem que resolvi fazer este relato, senão mais da história poderia se perder…

Fiz força também para me lembrar das bodas e não consegui – será que ocorreram na Capital Ferderal? Ah, esse problema de DNA, vai se agravando à medida que chegamos mais perto dos 50…

Sei também que ela foi morar em Brasília em 79 e de lá voltou em 82 (esta parte eu colei…). Super boa gente, Takeshi, que é formado em Economia e Direito na USP, é agregado-símbolo de nossos encontros, ao lado de Walmir e Miltinho (mas essa já é outra história). Estou pensando mesmo em conferir a ele(s) título de “Cedoniano Honorário”. O casal Kaneko tem duas filhas, a Flávia, que acabou de entrar na faculdade de Engenharia, e a Paula, que cursa o último ano do segundo grau.

Vida acadêmica e profissional

Terezinha é da turma de 79 do Bacharelado em Ciência da Computação (do tempo dos cartões perfurados) cursado no IME-USP, na mesma escola e época dos cedonianos Makoto, Silvia Dotta, Marly Tomizawa e Shirley Tiemi Sei.

Sobre o início de carreira, ela própria nos diz: “Comecei a trabalhar mesmo só em Brasília, no SERPRO, que foi uma boa escola. Quando voltei para SP, ainda estávamos na ‘era’ da reserva de mercado, por isto tive oportunidade de participar do desenvolvimento de computadores brasileiros. Comercialmente, foram um fracasso, mas foram ótimos projetos acadêmicos. Desde 92, trabalho como autônoma”.

Ouvi dizer que nossa ilustre colega trabalhou na implantação do Sistema de Bancos 24h no Brasil, o que lhe confere certo ar de pioneirismo. Pedi que falasse um pouco sobre sua bem sucedida carreira, mas, bem a seu jeito, a modéstia a impediu, então fico devendo mais dados. De qualquer modo, Teka sempre foi referência para nós em Matemática, a realização de um gênio promissor, sendo a queridinha de 10 entre 10 professores da matéria, inclusive da nossa adorada Nilze. E isso se refletiu em todas as áreas de sua vida, como comprova a bela história de vida que vem escrevendo ao lado das pessoas queridas.

Lembranças do CEDOM

Algumas pérolas, pela própria Terezinha, que, acredito, podem servir de roteiro para os próximos perfis:

1. Professor chato :
* A professora de música da 2a. série, depois da Gebara, antes da Cecília.
2. Professores favoritos : muitos (injustiça restringir a 3) !
* Nilze : (Hors Concours)
* Aiko, de Física
* Hoje eu admiro também o Prof. Vivaldo e suas aulas sobre pintura, a Profa. Ana e a Calefe.
3. Lembranças (boas e más)
Ao invés de colocar a melhor e a pior, resolvi listar as principais”, diz ela :
* a rampa que dava para as janelas do térreo cheia de granizo, numa tarde de 69,  na 1a. série
* a inspetora Wanda, com aquele batom vermelho, chacoalhando a sineta nos  corretores do andar superior
* o primeiro contato com um grêmio acadêmico, ainda que no estilo de 69
* o pipoqueiro do lado de fora da grade nos portões do lado de baixo
* as aulas de colchonete e no tanque de salto (com areia) do “Alzirão”
* os exames médicos com o estetoscópio sobre o bolso com a caderneta
* as provas de canto na sala de áudio-visual da Prof Gebara
* a Profa Botelho chegando de tróleibus com seu compasso de madeira
* a piscina cheia de pneus
* o Titio Wilson com seu gravador
* a Da. Emília reclamando dos meninos jogando “peladinhos’ – sem camisa
* a richa entre a 1a. C e a 2a. C
* os “bolões” e o clima festivo na copa de 70
* as visitas à biblioteca da Da. Augusta para pegar livros de poesias para as cartinhas das meninas
* as tantas cartas e bilhetes que escrevemos
* os ensaios da “Torre em concurso”
* o Prof. Nelson e sua sinusite cantando alunas
* a reabertura do TOM
* os simulados da Nilze
* a verdadeira aventura que era matar aula no noturno (3o. colegial).”

A estas somo alguns momentos para mim especiais:

* nossas conversas perto do pé de café próximo ao estacionamento, de onde espiávamos o prof. Melo polindo seu fusca azul, eu comendo minha maçã diária, que a fez pensar que havia uma macieira na minha casa;
* nossas brincadeiras  de pega-pega entre as árvores do pátio, ao fundo, que me valeram um tombo e uma cicatriz charmosa no joelho (que até hoje dói…);
* nossos ensaios para “A Torre em Concurso” e outros papos à beira da piscina imunda; e nossas idas à feira para comprar pastéis e saborear nesse mesmo paradisíaco ambiente;
* nossos planos para o futuro (graças aos Céus muitos se realizaram!); uma certa conversa sobre se era preferível ter filhos nos Estados Unidos para que eles nascessem cidadãos do Primeiro Mundo;
* bailinhos, festinhas; um ou outro encontro ligeiro na USP, já que a ECA ficava nas costas do prédio onde eram ministradas as primeiras aulas do curso de Matemática (antiga Reitoria);
* visita ao apê dela (trocando batentes por causa de cupins, providência que devo tomar em breve…); visita à sua linda casa de praia na Lagoinha e minha babação pela piscina coberta (era isso mesmo ou eu sonhei?);
* conselhos, abraços, cartões e bilhetes inúmeros que guardo até hoje, junto a algumas poucas fotos – pena que não fomos do tempo da camerazinha digital;
* um amor de amiga, quase irmã, daquelas que a gente tem a oportunidade de escolher pra fazer parte da vida e, para nossa satisfação e orgulho, nos aceitam generosamente.

E vou parando por aqui porque as lágrimas já embaçam meus olhos e o cansaço me embaça a memória…
Terezinha por Terezinha

“Eu adoro água, mas não sei nadar ! Estou mais para martelo que para peixe. Sempre fui muito ruim para esporte; durante o tempo que cursei o CEDOM eu tinha bronquite e sempre tive a observação: MODERADO no exame médico e continuo meio sem jeito para atividade esportiva. Gosto de ler, caminhar, e não curto muito TV (influência do prof Setzer)”. (E eu que pensava que ela era a musa do nado sincronizado, candidata a namorada do Nemo…)

Cor preferida : vermelho cereja
Cidade favorita : Para morar, SP, apesar da violência e do medo.
Culinária favorita : japonesa
Sobremesa favorita : torta de maçã com chantilly
Habilidades : eu tenho ?
Palavra favorita : esperança
Bicho favorito : cachorro
Música favorita : Eu sei que vou te amar
Um livro : O senhor dos anéis
Um filme : O jardineiro fiel
Aos 95 anos estarei ainda aprendendo coisas novas.
Eu ainda vou ver a cura do câncer, do Alzheimer.
Eu admiro pessoas com iniciativa.
Eu não gosto quando as pessoas não são coerentes em suas opiniões.
O que gosto de ganhar ? O que foi escolhido para mim porque a pessoa achou que tinha a minha cara, não importa o que seja.

Esta é a nossa grande e valorosa amiga Terezinha. Quem gostou, que escreva pra ela!
Contatos para shows: tkaneko@uol.com.brEste endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo

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